Quase 1/3 dos usuários do SUS em MT são atendidos pelo Mais Médicos
Mais de dois anos após o seu lançamento, o programa Mais Médicos, do governo federal, já conta com 225 médicos atuando em Mato Grosso. Esses profissionais, somados aos 25 médicos do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Pro
Mais de dois anos após o seu lançamento, o programa Mais Médicos, do governo federal, já conta com 225 médicos atuando em Mato Grosso. Esses profissionais, somados aos 25 médicos do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), são responsáveis pelo atendimento de aproximadamente 1 milhão de pessoas, o que representa um terço dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em Mato Grosso, segundo o coordenador de tutoria do programa no estado, Reinaldo Mota.
“São dois programas que se complementam, ambos integram o sistema de provimento emergencial de médicos. Esses médicos atendem em 101 municípios do estado e cada um deles é responsável pelo atendimento de aproximadamente quatro mil usuários do SUS”, afirmou.
De acordo com o coordenador, 30 médicos estão distribuídos em áreas indígenas e cinco municípios desistiram do programa durante os últimos meses, optando por colocar outros médicos para atuarem em suas unidades de saúde. Ao G1, Reinaldo Mota afirmou que cerca de 190 profissionais que vieram ao estado por meio do Mais Médicos são estrangeiros, sendo que a maioria veio de Cuba.
O número atual de profissionais em Mato Grosso, segundo ele, é o suficiente para atender a demanda do estado até o momento. No entanto, quem deve fazer a avaliação é o gestor de cada cidade. Se houver necessidade e mais municípios aderirem ao programa, há possibilidade de chamarem mais médicos.
“A quantidade atual é o que, teoricamente, existia de necessidade. A cada três meses, abre-se um novo edital e os municípios podem aderir ao programa, desde que se encaixem no perfil. Os estrangeiros abasteceram as necessidades no primeiro e no segundo ciclo do programa, mas hoje há uma procura muito maior do médico brasileiro para fazer a adesão ao programa”, disse.
Conforme Reinaldo, se as alterações já iniciadas na formação dos médicos no país tiverem continuidade, com o foco na valorização da atenção básica nas faculdade e o programa de residência no setor por um ano, a expectativa é de que em 2026 não haja mais necessidade do programa no país.
"Atualmente, o médico brasileiro quase não é motivado, durante a formação, para atuar no Sistema Único de Saúde, o que ocasionou uma grande lacuna, de quase 18 mil vagas no país, que foram preenchidas pelo Mais Médicos. Mas é um provimento emergencial, que vai servir somente até melhorarem a residência e os médicos brasileiros ocuparem essas vagas", afirmou.
Falta de estrutura
Segundo o coordenador, apesar de suprirem a demanda de falta de pessoal na atenção básica, a falta estrutura da rede de atenção básica prejudica a atuação dos médicos do programa e a população. Para Reinaldo Mota, os governos estadual e municipais acabam vendo o programa como algo político e de responsabilidade exclusiva do governo federal.
“Mato Grosso não vem estimulando a política de valorização da atenção básica, que quase não tem apoio dos escritórios regionais de saúde. Temos unidades precárias, poucos equipamentos e cidades com dificuldade de abastecimento de insumos e medicamentos”, criticou.
Para o coordenador, o programa tem aspectos positivos e limitantes no estado e deveria alavancar o atendimento do sistema de atenção básica, mas acaba sendo preterido pelo governo, “que prefere valorizar a atenção secundária e terciária pelo lucro que elas geram”.
“Não adianta colocar médico para trabalhar na atenção básica se você não tem uma rede de assistência adequada, não pode transportar paciente ou encaminhar para um exame. É necessário que se estruture bem para diminuir a precariedade que existe hoje. Tem município que depende quase 100% do programa para atender a sua atenção básica”, afirmou.
Resistência
A grande oposição que existiu no país quando do anúncio da vinda dos médicos estrangeiros para o país – principalmente os cubanos – continua, de acordo com Reinaldo. No entanto, conforme o coordenador, trata-se de uma resistência causada mais por ignorância do programa do que por falta de competência dos profissionais em atender à população.
“Inicialmente, os médicos cubanos foram muito desconsiderados pelo receio dos conselhos de medicina, mas hoje se reconhece que eles estão em áreas indígenas e comunidades distantes atuando de maneira bem satisfatória, apesar das adversidades que temos no SUS. Quem é assistido aprova os médicos cubanos porque sabe que eles foram formados para isso”, disse.
O programa
O programa Mais Médicos é formado por três eixos, segundo o coordenador: o provimento emergencial, que é a chegada dos médicos no país; o eixo estruturante, que é a expansão da rede de atenção básica nos municípios; e o eixo educacional, que traz propostas de mudança do perfil do médico brasileiro, fazendo-o manter um contato mais próximo com as comunidades que necessitam o programa, com o aumento de vagas de residência para os estudantes de medicina.
“Até 2026, teremos 16 mil vagas em programas de residência em medicina geral, de família e comunidade”, contou.
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