Condenado, ex-deputado alega ser vítima de "mordaça e censura"
Mesmo com o status de político e boatos de que vai se lançar candidato à prefeitura de Cuiabá, Galli pediu justiça gratuita à justiça de Mato Grosso
Ex-deputado federal, pastor da Assembleia de Deus e assessor especial da Presidência da República, Victório Galli (PSL) disse em entrevista que sua condenação ao pagamento de multa de R$ 100 mil por ofensas recorrentes a gays, lésbicas, travestis, trans e homossexuais em geral é mera questão de opinião e o preconceito aludido pela juíza Célia Regina Vidotti, que o condenou, é “mordaça” à liberdade de expressão. “A constituição garante o direito de opinião da gente, tá? Nunca xinguei ninguém, nunca maltratei ninguém. Só dei minha opinião e por causa da minha opinião de colocar as pautas que eu defendo, estou sendo condenado”, disse ao programa Resumo do Dia.
Para ele, a maneira como ele se refere ao modo de vida de milhões de pessoas é nada além de mero exercício democrático, pois gays, lésbicas e outros não heterossexuais fazem apologia através de ativismo, de modo a “transformar” crianças em gays e lésbicas. “Só critiquei o ativismo gay, a apologia ao homossexualismo. No meu entender, tem que esperar a pessoa ser maior de idade pra escolher o que ele quer ser na vida. Se ele achar de bem ter um relacionamento homem com homem, mulher com mulher, o problema é dele. Sendo maior de idade, vão ser felizes entre quatro paredes, sem problema algum. O que sempre combati e continuo combatendo é a questão da apologia gay”, continuou o líder pentecostal.
Nessa toada, Galli continuou a repetir os argumentos usados na sua condenação, como ser “até a favor” que pessoas gays possam fazer passeatas, manifestações, “como fazem os professores, trabalhadores, motoristas” para buscar seus direitos, desde que com ressalvas da moral fundamentalista dos seguidores da fé pentecostal. “Os gays também podem fazer isso, mas de forma decente”.
A justificativa para, a exemplo da ministra Damares Alves, questionar a sexualidade de personagens infantis (Elsie do desenho Frozen, no caso da ministra; Mickey e o rei leão Simba no caso de Victorio Galli) é sua preocupação como orientador, educador. “Sou pai, sou avô. Eu disse na ocasião que os pais deveriam ter cuidado para deixar seus filhos à exposição daquilo que a Disney está mostrando com seus filmes, seus desenhos, porque existem, atrás desses desenhos, mensagens subliminares de apologia ao homossexualismo. Então, foi nesse sentido que as pessoas que não concordaram comigo me levaram na justiça. Até que a juíza teve dó de mim, porque os meus acusadores pediram meio milhão, mas a juíza me condenou em R$ 100 mil, mas eu estou recorrendo disso, contratei o advogado doutor Rachid, advogado do povo, especialista nesse sentido, ele está me ajudando. E tenho certeza que a gente vai reverter isso, se Deus quiser”, continuou.
"SEM GRANA"
Mesmo com o status de político e boatos de que vai se lançar candidato à prefeitura de Cuiabá, Galli pediu justiça gratuita à justiça de Mato Grosso. O Tribunal de Justiça negou o requerimento em decisão monocrática da desembargadora Maria Aparecida Ribeiro. Como assessor de Jair Bolsonaro (PSL), Victorio Galli ganha R$ 16,9 mil por mês.
O pedido de gratuidade é referente ao andamento do processo dos R$ 100 mil a serem pagos em danos morais, por declarações homofóbicas.
A magistrada lembrou os ganhos de Galli somente ano passado: R$ 430,6 mil e também negou provimento a outro recurso – à obrigação de fazer para não ter que pagar a multa por danos morais. Ele justificou que ainda tem dívidas de campanha a saldar.
Fonte: Folha Max
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