Com rio contaminado, índios recebem doações de água potável em MT
Indígenas da etnia Panará e Mekrangnotire estão sem comida e água na aldeia. Milhares de peixes foram encontrados mortos no rio que abastece comunidades indígenas.
Mil garrafões de água potável serão distribuídos aos índios da etnia Panará e Mekrangnotire, em Guarantã do Norte, a 721 km de Cuiabá, após a contaminação do Rio Iriri, que abastece os moradores da região. No mês passado, milhares de peixes foram encontrados mortos no rio e a água foi doada para evitar que eles continuem ingerindo a água desse local.
A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil reconheceu a situação de emergência dessa área nessa quarta-feira (9). E, com isso, os indígenas devem receber ajuda do governo federal com alimentos.
O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros João Rainho Júnior, responsável por comandar a operação, informou que a entrega será feita nesta sexta-feira (11).
A contaminação na água foi constatada durante visita técnica feita por professores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) ao Rio Iriri. A situação vem comprometendo a alimentação e a sobrevivência dos índios, que têm no rio o seu principal sustento.
O tenente contou que os indígenas procuraram a prefeitura do município para comunicar a falta de água e de alimentos na aldeia. De acordo com ele, a partir desse momento o município começou a adotar medidas para decretar a situação de risco do local.
“Informamos a Defesa Civil, tanto nacional quanto a regional, sobre a situação. Como tudo ficou comprovado, uma carga de alimentos virá de Brasília e nós distribuíremos a água potável”, explicou.
Além da entrega da água potável e mantimentos, uma vistoria também será realizada nos territórios indígenas para identificar uma possível evolução na situação crítica dos índios. Outras distribuições serão providenciadas caso a demanda na região seja maior.
“Eles haviam pedido três mil galões, por isso vamos ao local para ver a necessidade. O que necessitarem será disponibilizado para ajudá-los a enfrentarem esse período”, disse.
Situação de risco
Diversas aldeias foram atingidas diretamente pela situação crítica do Rio Iriri e estão sofrendo as consequências de não poder pescar ou utilizar a água do rio. Durante a visita técnica feita pela equipe da Unemat, no dia 20 de julho, foi constatada a morte de milhares de peixes no rio.
O relatório foi assinado pela professora doutora Solange Aparecida Arrolho da Silva, coordenadora do Laboratório de Ictiofauna da Amazônia Meridional. No documento, ela aponta alterações na qualidade da água, o que ocasionou a morte dos animais.
A análise constatou alteração nos parâmetros físico-químicos da água. "A coloração da água em todos os trechos apresenta-se muito esverdeada em toda a extensão do rio. O odor de putrefação ao longo de dois trechos indica que existem alterações acentuadas na qualidade da água", diz trecho do documento.
Entre as espécies encontradas mortas no rio estão curvinas, tucunarés, cascudos, curimbas, cacharas e pacus. Nos exemplares coletados como amostra, foi possível, segundo o relatório, verificar a presença de fungos, coloração esbranquiçada, opacidade no olho e estado letárgico.
Fonte: G1 MT
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